A tomografia aumenta o risco de câncer pediátrico? Uma questão em debate.

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Exames de tomografia são produzidos através da exposição da área do corpo a ser estudada à radiação ionizante, na forma de feixes, a serem captados pelo próprio aparelho. A carga de radiação produzida é bem maior que àquela emitida na realização de um simples raio X. Radiações ionizantes alteram os tecidos biológicos em um processo chamado Ionização, agindo diretamente nos átomos e seus elétrons, gerando partículas com cargas (íons). Tais alterações podem distorcer o funcionamento das moléculas e das células. Caso não haja correção pelos sistemas de reparo intra e extracelular cria-se um caminho para o dano genético e à oncogênese – origem do câncer.

As crianças são mais sensíveis à radiação ionizante que os adultos e, de forma clara, têm mais “vida a viver”, o que leva à possibilidade de maior tempo para os efeitos da radioatividade agirem. A dose de radiação que será absorvida pelos órgãos a serem estudados dependem de diversas características técnicas do tomógrafo referentes a voltagem, tipo de estudo (axial, helicoidal), quantidade de cortes, massa corpórea do paciente, entre outras as quais são determinadas pelo técnico de radiologia e o radiologista. Em neurocirurgia, especificamente em crianças, o tratamento de pacientes com trauma craniano, e hemorragias com potencial de expansão, requer frequentemente a realização de exames de tomografia. Os estudos ainda não indicam uma correlação direta entre o número de tomografias realizadas e o surgimentos de tumores. Entretanto, exames de tomografia inapropriadamente indicados devem ser evitados. Nas crianças abaixo de 2 anos, com a fontanela (“moleira”) patente o ultrassom de crânio deve ser realizados, visto que não emitem radiação.

Publicado por Dr. Ricardo Santos de Oliveira

Professor Livre Docente Departamento de Cirurgia e Anatomia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Professor colaborador da FMRP-USP. Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (1994), Doutorado em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (2001), Pós-doutorado no Hôpital Necker-Enfants Malades (Université Rene Descartes) 2001-2002, Pós-Doutorado FMRP-USP 2003-2004 (glicobiologia dos tumores cerebrais). Orientador pleno programa de pós graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia - FMRP-USP Atualmente é médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e docente credenciado do Depto. Cirurgia e Anatomia (Pós-graduação). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e Neuroncologia atuando principalmente nos seguintes linhas de pesquisa: Neoplasia cerebrais sólidas da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos, trauma e neuroncologia.

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